Escolha um lugar tranqüilo, sente-se confortavelmente e preste atenção na respiração. Isso é tudo de que você precisa para meditar e provar do grande prazer de esvaziar a mente
Quando um turbilhão de pensamentos toma conta da sua cabeça, todos os sentidos se anestesiam e a atenção ao momento presente se esvai. Meditar é o jeito mais simples de estancar essa avalanche de idéias, que nos rouba a calma e a sensibilidade. Para isso, não é preciso ser religioso, ter um mestre exótico ou a habilidade para sentar com as pernas cruzadas de forma estranha. "Escolha uma posição sentada que seja confortável para você. Pode ser numa poltrona, no chão ou sobre uma almofada, na cama, apoiada em travesseiros. Assim que você estiver bem na postura escolhida, use um tempinho só para se acomodar. (...) Deixe que seus olhos captem a cena ao seu redor e depois se fechem suavemente. Se puder, sorria. Isso ajuda a mente a relaxar. Depois, simplesmente fique sentado. Não faça coisa alguma. Os sons virão e irão. Os pensamentos virão e irão", ensina a psicoterapeuta americana Silvia Boornstein em seu livro Não Faça Nada, Só Fique Sentado (ed. Ágora).
Praticante veterana, ela aconselha trinta minutos diários desse exercício simples, que proporciona um estado especial de repouso em alerta, capaz de diminuir o estresse e a ansiedade e aumentar a concentração, a criatividade e a disposição. O bom fluxo da respiração também é favorecido: "Se você apenas permanecer sentado, a consciência de sua própria respiração surgirá. Ela pode ocorrer como ondas de movimentos que se alternam em seu abdome, ou como pressões ao redor do seu tórax, ou ainda como minúsculas tremulações dentro de sua narinas e em volta delas. Qualquer que seja a forma que a respiração ocorrer, fique exatamente onde está. "Deixe que sua atenção se detenha no movimento da respiração. Quando sua atenção se desviar - e isso vai ocorrer! -, traga-a de volta à respiração e fique aí pelo tempo estipulado", aconselha Sylvia.
Cura da alma
Existem infinitas técnicas de meditação, algumas bem complexas, com diferentes posturas corporais e exercícios respiratórios. Porém todas têm o objetivo de sintonizar corpo, mente e alma. Quem levou a sério a prática colhe os frutos todos os dias: "O que a meditação me deu foi a capacidade de reencontrar a força pessoal dentro de mim mesma. Aprendi a vivenciar a humildade e a quebrar a arrogância", confessa Tamara Ka, 42 anos, psicóloga e videomaker de São Paulo. Há quase duas décadas, ela pratica o zazen, a meditação sentada do zen-budismo. A meditação também transformou a vida e a carreira do médico Renato Bertate, 35 anos: "Ela revolucionou tudo. Há quase vinte anos pratico e ensino a meditação dinâmica do guru indiano Osho, que alterna movimentos e momentos de imobilidade, acompanhados de mantras e músicas específicas". "No consultório, já vi muita gente com sintomas de doenças graves ser curada com a meditação, pois estava doente da alma e não do corpo", afirma o clínico geral, formado pela Universidade de Vassouras, no Rio de Janeiro.
